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Sigur Rós – Valtari

Há pouco a se dizer sobre Valtari. Ele é um álbum de música ambiente com apelo à localização geográfica: Se você abrisse os olhos e estivesse se deparando com a paisagem da capa do disco na vida real, certamente ele seria a trilha sonora para o momento. Por que diabos você estaria lá? Você poderia ser um náufrago, ou apenas uma pessoa solitária que decidiu largar tudo para isolar-se do mundo, mas, de qualquer forma, estaria sozinho. O primeiro parágrafo não foi uma interpretação crítica ou pessoal, mas sim um fato. Foi exatamente desta maneira que o Sigur Rós queria que o álbum soasse, e fez questão de estimular com o clipe de “Ekki múkk”, single lançado com dois meses de antecedência. Todo o trabalho é construído em torno da solidão, da tristeza, e por isso não é nem um pouco estranha sua repetitividade. Enquanto as duas primeiras faixas, “Ég anda” e a citada “Ekki múkk” são ótimas introduções ao humor proposto e possuem a sonoridade única do grupo, outras como “Dauðalogn” e ”Varúð” podem ser consideradas “normais”. Embora livres de percussão e estrutura, elas poderiam ser feitas, em geral, por qualquer artista, alterando apenas as características sonoras básicas do Sigur Rós. “Rembihnútur” possui uma seção instrumental que ocupa exatamente a primeira metade da faixa, com gosto de interlúdio, e acaba desembocando em uma parte com ritmo definido e tempo levemente acelerado. ”Varðeldur” é um instrumental construído apenas em torno da repetição de um tema hipnótico durante seis minutos, a faixa mais minimalista do disco. A faixa-título, também sem vocais, é um pouco mais variada, com uma melodia que vai progredindo durante oito minutos, tornando-se a faixa mais longa de Valtari. O encerramento, “Fjögur píanó”, é formado por arpejos de piano que são sustentados à maneira drone e sons agudos que silenciam calmamente ao final dos 55 minutos da obra. Você acabou de ler uma explanação completa, faixa por faixa, de Valtari, mas não uma análise. Utilizando as palavras que começaram o texto, não há muito a se dizer, mas sim a sentir. Os islandeses tinham o objetivo de criar um álbum que trouxesse a solidão (ou aliviasse os solitários), e certamente conseguiram. Para o público-alvo, ele pode ter sido uma salvação ou mais uma razão para tristeza. Para mim, é uma coleção de boas músicas que tem pelo menos um bom motivo para ser admirada.



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One Response so far.

  1. Unknown says:

    Fartaste-te de escrever! :)

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